+351 289 889 760 geral@uf-faro.pt

Resenha

Histórica

As origens da cidade de Faro remontam ao século VIII a.C., período da colonização fenícia do Mediterrâneo Ocidental, durante o qual integrou um amplo sistema comercial, baseado na troca e comércio de produtos agrícolas, peixe e minérios. Com efeito, aos fenícios se ficou a dever o topónimo Ossónoba, que derivou da expressão “Osson ébá”, cujo significado era “armazém no sapal”.

Entre os séculos III a.C e IV d.C., Ossónoba integrou a província romana da Lusitânia, assumindo grande importância ao nível regional, comprovada por escavações arqueológicas realizadas ao longo do século XX no largo da Sé, que revelaram os vestígios do forum e do templum romano (a cerca de três metros do nível atual) e permitiram concluir que a cidade chegou inclusive a cunhar moeda.

A prosperidade de Ossónoba residia em boa parte na produção de garum, uma pasta de peixe muito apreciada na época, que os produtores locais exportavam para diversas cidades do Império romano. A importância das atividades marítimas na “Faro romana” encontra-se perfeitamente testemunhada no bonito mosaico do deus Oceano, que se encontra em exposição no Museu Municipal de Faro.

Com a desagregação do Império Romano no século V, Ossónoba integrou o Reino Visigótico da Península Ibérica. Totalmente cristianizada, a cidade passou a designar-se Santa Maria de Ossónoba, mantendo uma posição proeminente no contexto regional, uma vez que foi sede de Bispado.

Em 713, a cidade foi ocupada pelos mouros. No entanto, nos 2 séculos seguintes uma importante comunidade cristã (moçárabes) viveu aqui sob domínio Árabe. No século IX, passou a designar-se Santa Maria Ibn Harun, assim chamada em honra do fundador da Dinastia dos Banu Harun, Emires da Taifa de Santa Maria do al-Gharb.

Em 1249 as tropas do Rei D. Afonso III tomaram a cidade aos mouros, mas grande parte da comunidade muçulmana continuou a viver em Faro, pois recebeu carta de foral do rei D. Afonso III em 1269, garantindo liberdade de culto e o direito de conservar propriedade, mediante o pagamento de um imposto especial. Neste período, convivem em Faro as três grandes religiões do Livro: cristão, hebreus e muçulmanos, e a cidade passa a designar-se Santa Maria de Faaron, topónimo que até ao séc. XVIII irá evoluindo para Farom, Farão e Faro.

A política expansionista da Dinastia de Avis, e a sua aposta nos Descobrimentos Marítimos, transformou o Algarve numa região estratégica e abriu um período de prosperidade para Faro, graças ao um porto seguro que permitia o comércio do sal e de produtos agrícolas, em particular os frutos secos que abasteciam as caravelas portuguesas. Para o desenvolvimento da cidade contribuiu bastante a comunidade judaica, largamente constituída por comerciantes e artesãos, entre os quais se encontrava o tipógrafo Samuel Gacon que, em 1487, imprimiu o Pentateuco, o mais antigo livro impresso em Portugal.

Em 1499, o Rei D. Manuel I patrocinou o desenvolvimento e a expansão urbana da cidade, com a criação de uma Alfândega, um Açougue (mercado de carne), e um Hospital no exterior da Vila-A-Dentro. Em 1540, o Rei D. João III elevou Faro a cidade e, em 1577, esta tornou-se sede do bispado do Algarve (substituindo Silves), assim ganhando definitivamente o estatuto de capital da região.

Em 1596, em plena União Ibérica, os corsários ingleses do Conde de Essex atacaram e pilharam a cidade, causando grande destruição. Para além de incendiarem a maioria das igrejas, pilharam também as casas nobres e o Paço Episcopal, de onde roubaram uma valiosa biblioteca, atualmente depositada na Biblioteca Bobleiana da Universidade de Oxford.

O Grande Terramoto de 1755 abalou fortemente a região algarvia. Em Faro, onde terão morrido mais de duas centenas de pessoas, a maioria dos edifícios sofreu danos consideráveis. O declínio da cidade seria revertido graças ao bispo D. Francisco Gomes do Avelar (1789-1816), responsável por um importante programa de renovação urbanística e artística, onde se incluíram obras como o Arco da Vila (Monumento Nacional), o Hospital da Misericórdia e o Seminário Episcopal.

O século XIX foi um período de relativa prosperidade e desenvolvimento em Faro. Em 1805 abriu a primeira “Pharmácia” da cidade e em 1845 o benemérito, Dr. Lázaro Doglioni, inaugura o teatro Lethes, a mais bela sala de espetáculos do Algarve. No último quartel do século, implementou-se uma rede de esgotos e água canalizada e em 1889, foi inaugurada a Estação Ferroviária da capital algarvia. Em outubro de 1897 a Família Real deslocou-se ao Algarve, tendo ficado instalada no Palácio Episcopal de Faro. Nesta ocasião, o Rei D. Carlos e a Rainha D. Amélia visitaram o Museu Lapidar Infante D. Henrique, o Museu Marítimo e o Hospital da Santa Casa da Misericórdia.

Faro continuou a desenvolver-se durante o século XX. Em 1911 foi instalado o primeiro sistema de iluminação elétrica da cidade e, em 1926, abriu a delegação regional do Banco de Portugal. Em 1930 foi inaugurado o Café Aliança, um espaço onde, durante vários anos os grandes produtores e industriais algarvios estabeleceram o valor económico de produtos como a cortiça, a amêndoa, a alfarroba e o figo. Este café emblemático, um dos mais antigos do país, foi também o palco de inúmeras tertúlias, tendo recebido grandes vultos da cultura regional, nacional e mesmo internacional, como Amália Rodrigues, José Afonso e Simone Beauvoir.

A inauguração do Aeroporto Internacional em 1965, abriu uma nova era na economia da região, e o 25 de Abril de 1974, veio reforçar a capitalidade de Faro, que beneficiou enormemente com a Fundação da Universidade do Algarve, em 1979, e a construção do Hospital Distrital, instituições que muito têm contribuído para o desenvolvimento desta cidade milenar, onde se fez, e se continuará a fazer história.

Consulte também:

“Breve História Socioeconómica de Faro”